Ao julgar as fantasias dos componentes das escolas de samba do Grupo Especial, os jurados criticaram os figurinos das baianas de diversas agremiações. Uma das escolas com mais problemas nas fantasias da ala foi a Portela, que terminou a montagem das fantasias há poucos minutos de entrar na Sapucaí. Com a bateria se posicionando para entrar no recuo, a direção da escola corria para tentar colar os querubins nas saias das mulheres, que representavam Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Sem conseguir prender os anjos nas saias, algumas desfilaram com as imagens nas mãos.
“Em algumas baianas as costeiras se apresentaram danificadas com partes despencadas ou faltando. Em outras, os anjinhos das saias estavam despencados ou ausentes”, escreve o jurado Paulo Lacerda, que ao todo penalizou a escola com um décimo.
As justificativas foram divulgadas nesta sexta-feira pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Lacerda também apontou problemas na ala do Paraíso do Tuiuti e afirmou que o costeiro estava tombado ou torto.
Já a avaliadora Regina Lima registrou em suas justificativas que a Portela desfilou com as Baianas com indumentárias com diversos problemas, como algumas saias mais curtas destoando das demais, o manto azul em algumas componentes embolados e até bainhas soltas. A jurada também apontou problemas nas alas das baianas de Grande Rio, Mocidade e da campeã Imperatriz
“Indumentária com saias mais curtas que tradicional. Durante a evolução da dança ficavam expostos os sapatos, as meias tamanho 3/4 nas cores vermelha e shorts pretas e, com isso, o visual estético ficou prejudicado. Algumas componentes com crinolinas defeituosas resultando em saias arqueadas”, pontuou Regina, que pelos problemas na ala tirou um décimo da Imperatriz.
O 9,5 da Mocidade e Império Serrano em fantasias
O quesito fantasia, Mocidade e Império Serrano receberam uma nota 9,5 de jurados diferentes. Uma avaliação tão baixa não ocorria no grupo Especial do Rio desde 2014, quando escolas receberam oito notas 9,5. No fim da apuração, o Império Serrano acabou rebaixado para a Série Ouro em 2024 e a Mocidade ficou em penúltimo, permanecendo no Grupo Especial por um ponto.
A primeira nota 9,5 foi para a Império Serrano no primeiro módulo de jurados. A avaliadora Regina Oliva tirou dois décimos da escola por concepção e três por realização. Na justificativa, ela criticou as saias das baianas e apontou problemas de idealização dos figurinos. A nota baixa foi motivo de indignação dos membros das escolas nesta quarta-feira. A filha de Arlindo Cruz se revoltou com a avaliação.
O responsável por dar 9,5 a Mocidade Independente de Padre Miguel foi o julgador Wagner Louza, que estava no segundo módulo de avaliação. Ele tirou três décimos pela concepção dos figurinos e dois pela realização.
“A escola, de modo geral, cometeu um grave erro de concepção ao usar apenas os títulos das obras dos artistas homenageados, deixando de lado a iconografia e a riqueza poética e estética dos discípulos do mestre Vitalino. Nas alas 08,09,10,11,12,13,14 apenas a estética do “jogo de xadrez” foi usada, faltou referência dos enigmático, fantástico, do onírico, do surrealismo das obras do mestre Galdino. A única relação entre as fantasias e o artista, era o título. A iconografia do imaginário nordestino foi negligenciada”, escreveu o jurado, quem complementou com outras críticas:
O que se julga em ‘Fantasias’
Todos os jurados receberam o “Manual do Julgador”, produzido pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). No documento, há orientações sobre o julgamento e os critérios a serem adotados na avaliação. No caso das fantasias, a nota é dividida em duas: entre 4,5 a 5,0 para a concepção e de 4,5 a 5,0 pontos sobre a realização.
São alvo de julgamento todas as fantasias da escola, menos as de componentes sobre os carros alegóricos, do casal de mestre-sala e porta-bandeira e as fantasias da comissão de frente.
Segundo o manual, ao julgar a concepção o avaliador deve analisar se os figurinos cumprem a “função de representar as diversas partes” do enredo e sua capacidade de serem criativas. Já dentro da avaliação da realização, deve-se atentar sobre a impressão causada pelas formas e pelo entrosamento; os acabamentos e os cuidados na confecção e a uniformidade de detalhes, dentro das mesmas alas, grupos e/ou conjuntos (igualdade de calçados, meias, shorts, biquínis, sutiãs, chapéus e outros complementos, quando ficar nítida esta proposta).
Já entre as penalidades, segundo o manual, deve-se descontar “a falta significativa de chapéus, calçados e outros complementos de Fantasias, quando ficar nítido que a proposta, originariamente, era com a presença desses elementos das indumentárias”.
Deixar uma resposta