A Argentina enfrenta uma forte inflação que desde de 2021 fez com que a população passasse a usar mais o dólar, principalmente através do uso de criptoativos estáveis, as stablecoins.
Mesmo tendo havido um aumento de cerca de 80% no valor de mercado do dólar americano no país, o uso de stablecoins e ativos digitais que representam o dólar praticamente dobrou em 2022.
Apenas para se ter uma ideia, no início de 2022 o dólar americano estava cotado em $ 108 (ARS – peso argentino), e agora em 2023 está cotado em $ 184.
Com a forte desvalorização da moeda FIAT da Argentina, o país se tornou um dos líderes em uso de stablecoins atreladas ao dólar.
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Stablecoins em dólar como solução contra a inflação
De acordo com um relatório da Chainalysis, cerca de 31% das operações comerciais com valor abaixo de US$ 1.000 são realizadas com stablecoins atreladas ao dólar.
Esta tem sido uma tendência na Argentina, pois a população além de se prevenir contra a desvalorização do peso argentino, também reduzem os custos de transação e conversão da moeda.
Outras vantagens dizem respeito ao acesso ao dólar americano.
Para utilizar o dinheiro FIAT, os argentino precisam estar cadastrados em instituições financeiras com diversos quesitos burocráticos.
Já com os criptoativos, o acesso ‘desbancarizado’, além do comércio ininterrupto das stablecoins são soluções que pré-dispõem os argentinos a usarem os ativos digitais.
Além do mais, há limite de valores a serem transacionados mensalmente, que em certos casos não passa de US$ 200.
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Sur: Moeda comum entre Argentina e Brasil
Em sua primeira viagem internacional como presidente da República, Lula está visitando a Argentina junto com uma comitiva para participar da Cúpula da CELAC, Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe.
No evento, um dos assuntos que será abordado entre Brasil e Argentina é a criação de uma moeda única, a sur.
A criação da moeda comum para transações entre os dois países tem como um dos objetivos ‘delimitar e diminuir a dependência do dólar americano’; foi o que disse o ministro da Fazendo, Fernando Haddad em entrevista.
O ministro explicou que a ideia é criar um mecanismo para reduzir as dificuldades comerciais entre Brasil e Argentina, assunto ao qual já conversou previamente com o ministro da Economia do país, Sérgio Massa.
Como a Argentina importa muitos produtos do Brasil, Massa disse ao jornal Financial Times que o país precisa encontrar ‘alguma coisa em comum’ para ‘incrementar o comércio’ porque está ‘complicada esta situação’.
Já o presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que decidiram avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum, que possa ser usada tanto para os fluxos financeiros como comerciais, reduzindo os custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa’
Fernández havia falado inicialmente sobre este assunto com o presidente Lula quando veio ao Brasil para a posse do presidente.
Lula disse em entrevista que achava que com o tempo uma moeda comum deveria aparecer, assim como tentou ser feito entre os países dos Brics.
O presidente afirmou que achava ser necessário que acontecesse a criação da moeda.
Proteção contra o monopólio dos grandes países
Haddad já havia abordado o assunto no ano passado onde defendeu a criação de uma moeda para toda a América do Sul.
O atual ministro do Brasil disse à época que a criação da moeda poderia ajudar os países sul-americanos a se protegerem de possíveis sanções impostas por potências estrangeiras por terem o privilégio de emitirem ama moeda internacional.
Segundo Haddad, devido as moedas FIAT de países sem soberania internacional serem consideradas não conversíveis, não são aceitas como meio de pagamento e reserva de valor no mercado internacional.
E assim, estas estão mais sujeitos às limitações impostas pela volatilidade do mercado financeiro internacional, disse Haddad.
Entretanto, a realidade econômica global e a falta de sincronia financeira entre os dois países levaram analistas políticos e economistas a criticarem a criação de uma moeda entre os dois países, sendo ainda mais difícil criar uma moeda para todo o continente.
Isso devido às condições econômicas e realidades completamente distintas, sendo a inflação elevada de países como a Venezuela, Colômbia e a própria Argentina um dos maiores empecilhos.
Além disso, os países também discutirão a criação de um Banco Central sul-americano para a emissão e controle da moeda, onde haverá representantes e contribuições de forma proporcional às participações no comércio regional.
Este é um outro ponto bastante criticado uma vez que há particularidades entre os fluxos comerciais e financeiros entre os países.
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