O tão esperado Knotfest 2024, festival icônico de bandas de metal organizado pelos mascarados do Slipknot, finalmente aconteceu nos dias 19 e 20 de outubro. Estivemos presentes no primeiro dia para conferir um line-up de tirar o fôlego e compartilhar nossas impressões.
Sobre o Festival
Nesta edição, o Knotfest foi realizado no Allianz Parque, um estádio com capacidade para mais de 50 mil pessoas em dias de shows. Embora o local seja perfeito para receber um mar de fãs da música pesada, shows em estádios costumam apresentar desafios, especialmente em relação à qualidade do som. Infelizmente, muitos problemas de áudio aconteceram durante o evento.
O festival teve dois palcos: o KnotStage, maior e dedicado às bandas principais, e o Maggot Stage, voltado para as bandas brasileiras. As apresentações começaram com satisfatória pontualidade, com bandas se sucedendo sem muitos atrasos.
Climatizado por uma garoazinha tímida, os suecos do Orbit Culture abriram o palco principal com os dois pés no peito. Demonstrando uma técnica impecável e muita brutalidade, a performance visceral surpreendeu aqueles que não conheciam a banda, elevando a régua do evento desde o início. Seguindo, a banda de death metal melódico paulista Kryour não fizeram feio e demonstraram uma energia contagiante. Aqui começamos a notar um problema que acompanharia o festival inteiro: o som no Maggot Stage não estava nada bom. Era nítido a diferença de qualidade, o que prejudicou a performance de quase todas as bandas brasileiras. Uma pena! Ainda bem que o espírito brasileiro é difícil de abater.
Preparem suas Espadas: Dragonforce no Palco!
Dragonforce subiu ao palco para te lembrar o quanto você apanhou tentando jogar Through the Fire and Flames em Guitar Hero III. Traumas à parte, a banda inglesa trouxe a boa farofa que a gente gosta. Muita velocidade, virtuose e técnica, com toneladas de climas épicos, definem o show deles. Tão épico que conseguiram transformar “My Heart Will Go On” da Celine Dion e “Wildest Dreams” da Taylor Swift em uma briga de espadinhas de primeira. O segredo para curtir isso tudo é não levar eles tão a sério (não seja um metaleiro chato, vai!). Embora eles tenham abraçado o humor, a banda toca sério e tudo aquilo que você ouve nos discos, eles executam de verdade. É impressionante!
Meshuggah: O Melhor Som do Festival
Confesso que a banda que estava mais ansioso para ver era o Meshuggah, principalmente porque sabia que a qualidade de áudio que eles entregam nos shows sempre é surreal. Não me decepcionei! Foi o melhor PA do evento de longe. Tudo soava pesado, sem perder a definição de nenhum instrumento. Todos são músicos excepcionais. Tão excepcionais que o vocalista Jens Kidman teve um problema em seu retorno e resolveu tudo contando o tempo da primeira faixa “Broken Cog” batendo os dedos no microfone. Se você já ouviu Meshuggah sabe que isso é um feito e tanto! O repertório foi escolhido a dedo trazendo vários hits da banda como “Bleed”, “Future Breed Machine”, “Born in Dissonance”, assim como músicas do mais recente álbum Immutable (2022).
Amon Amarth: Um Espetáculo Épico
Completando a tríade sueca do dia, Amon Amarth sobe ao Knotstage para cravar um show épico em um entardecer lindo que coroou toda a imersividade do espetáculo que eles apresentaram. Em um palco ornado com duas estátuas gigantescas de vikings, a banda esbanjou simpatia e carisma, com direito a um português quase sem sotaque falado pelo vocalista Johan Hegg. O repertório contou com músicas mais recentes e clássicos como “Guardians of Asgaard”, “The Pursuit of Vikings” e, claro, “Twilight of the Thunder God” (aqui meu eu adolescente surgiu com força).
Mudvayne: Uma Experiência Frustrante
Embora eu não seja um grande conhecedor de Nu Metal, sei bem a importância da vinda do Mudvayne pra cá. As expectativas eram altas e os caras estavam muito empolgados em tocar aqui (com direito a maquiagem homenageando o Brasil e tudo). E eu, particularmente, queria muito ver o Ryan Martinie. Tinha tudo para dar certo, não é?
Aqui aconteceu alguma coisa. Eu não sei o quê, mas aconteceu. O técnico de áudio deve ter passado mal. Ou, talvez, ele não estivesse lá na mix house, só pode. O som estava péssimo! Foi uma experiência bem desagradável, que frustrou mesmo alguns fãs mais assíduos da banda. Realmente uma pena, dada a importância da banda e a expectativa para o show.
Slipknot: Os Donos da Festa!
Há um motivo de o Slipknot estar no lugar que está. Os caras sabem fazer um espetáculo, isso é inegável. Tudo estava muito bem alinhado, luzes, som e, claro, uma presença de palco absurda, como toda apresentação que os caras fazem. Entretanto, esse show teve um gostinho especial. Foi a primeira vez que Eloy Casagrande tocou com a banda em solo brasileiro – e foi aclamado do início ao fim por um coro de um estádio enlouquecido que clamava “Eloy, Eloy, Eloy” a todo momento. Eloy representa mais o Brasil que o futebol. Aliás, que ironia, não é? Um estádio de futebol e o aclamado é um músico.
Sobre o repertório, Slipknot decidiu fazer dois shows diferentes. No sábado, tocou um repertório só de hits de sua carreira para comemorar os 25 anos de estrada da banda. Entre as músicas executadas, conferimos “Wait and Bleed”, “Eyeless”, “Duality”, “Psychosocial”, e uma multidão ensandecida cantando “Before I Forget” tão alto que eu mal conseguia ouvir a banda tocando.
Bandas Brasileiras no Knotfest
Os dois dias de festival contaram com diversas bandas brasileiras tocando no Maggot Stage. No sábado, além dos já mencionados Kryour, também tocaram a Eskröta, Eminence e o Krisiun.
Project 46 se apresentou pela primeira vez com a nova formação, mas foi muito prejudicado pelo som. As guitarras de Vini Castellari sumiram com muita frequência e o som em geral estava bem prejudicado. Fiquei com o coração partido, pois dava para ver o quanto eles estavam a fim de fazer um show grandioso. Ainda bem que o público respondeu com muita empatia.
Além deles, o Ratos de Porão também teve sua apresentação prejudicada no Maggot Stage. Eles tocaram a maior parte de seu set completamente no escuro, conseguindo uma pequena iluminação depois de muita provocação do vocalista João Gordo.
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