Filhos de músicos consagrados da Bahia criam banda e lançam disco
Migga, João, Raysson e Zaia são filhos, respectivamente, de Carlinhos Brown, cantor Saulo, Tonho Matéria e Reinaldinho. Músicos, resolveram se unir para criar a banda Filhos da Bahia, e agora sua aposta é o álbum “Bença”. Neste Papo Reto, Zaia conta como eles se encontraram, lidaram com a influência dos pais e da escolha da canção “Eu também quero beijar”, de Pepeu Gomes, para regravar no trabalho.
Como vocês se conheceram e estabeleceram uma relação musical?
Inicialmente, nos conhecemos através da internet. Fomos nos aproximando, trocando ideias, até que, em algum, momento, eu chamei João para iniciarmos essa empreitada. Mais tarde, então, convidamos demais integrantes do grupo. Vimos que nossas influências musicais individuais poderiam se somar para compor nossa identidade musical. A partir daí, estamos trilhando esse caminho pela música.
Qual foi a vibe de escolher a palavra Bença para batizar o trabalho?
Pedir a Benção ou, como falamos, Bença, é algo cultural dos baianos. Temos esse costume que expressa respeito aos mais velhos, aos que chegaram antes, assim como a tudo que foi construído por eles. Então, é algo genuíno, natural para nós. Admiramos muito toda contribuição dos artistas que chegaram num outro momento, por vezes com dificuldades, contribuindo tanto para enriquecer o cenário musical que herdamos..
Falem um pouco, por favor, sobre as participações que vocês tiveram no álbum.
Foram todas muito importantes para abrilhantar nosso trabalho. Nos sentimos gratificados e honrados por essa possibilidade de trabalho conjunto. Foi um momento de aprendizado nosso. Afinal, são participações de artistas experientes e consagrados que, ao longo de suas trajetórias, vêm enriquecendo nossa música brasileira.
Há influência direta, inclusive de dicas no trabalho, dos pais de vocês, além das participações musicais?
Sim, sugerem músicas, mistura de ritmos, mas de forma leve, sutil e construtiva. São toques também num sentido mais amplo: aproveitar o momento, ter responsabilidade, ser comprometido com o trabalho, respeitar e amar o ofício, coisas assim. O mais curioso é que esse tipo de orientação foi unânime entre os pais (risos).
Rola ou já rolou algum conflito de gerações?
Acredito que não. Tudo sempre pareceu bem colaborativo. Apesar de pais e filhos serem de gerações diferentes, no nosso caso aconteceu mais uma interação de ideias. Admiramos imensamente gerações anteriores, por quem, aliás, nutrimos imenso respeito e reconhecimento por toda contribuição ao cenário musical que temos hoje. Nosso objetivo sempre foi agregador; trazendo um ponto de vista próprio de nossa geração a somar-se ao que já era muito bom. Na verdade, é muito mais um diálogo intergeracional do que qualquer outra coisa.
Por que a escolha de uma canção do Pepeu Gomes?
Somos fãs do Pepeu, grande professor para todos nós. Pensamos nessa canção atemporal de maneira natural. Sentimos consensualmente que ela poderia compor bem o repertório. E, de certa forma, até podemos dizer que foi escolha confortável, considerando repertório de grande artista como Pepeu Gomes, com tanta bagagem de qualidade. Somos admiradores desse talento..
Vocês já viram o documentário Axé – Canto do Povo de Um Lugar?
Achamos Fantástico! Precisamos de mais pessoas criando conteúdo sobre essa história que é nossa. Esse também é um de nossos propósitos. Queremos levar um trabalho alegre, que divirta o público ao mesmo tempo que o inteire de si próprio, sua história, tradições, costumes.