Sucesso dos anos 2000, o grupo australiano Cut Copyvolta ao Brasil neste domingo (19) para se apresentar no Cine Joia em São Paulo. A banda se destacou em 2008 com o disco Ghost Colours. No Brasil, o grupo fez sucesso não com a venda de CDs, mas principalmente com downloads de suas músicas.
Após 15 anos, o grupo continua a se reinventar e acompanhou as mudanças da indústria fonográfica. Seus álbuns mais recentes foram Haiku From Zero, de 2017, e Freeze Melt (2020) que demonstram a evolução sonora da banda. Confira a entrevista com o guitarrista Tim Hoey, abaixo:
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Faz muito tempo que vocês não vêm ao Brasil. Estão ansiosos?
Sim, certamente. É engraçado porque há dois anos achávamos que nunca mais subiríamos em um palco de novo. A ideia de vir para o Brasil e tocar parecia tão distante. Então, com certeza, ficamos muito gratos por essa oportunidade. Nós nunca perderíamos uma oportunidade de tocar no Brasil então estamos muito felizes de voltar e tocar.
E como foi a primeira vez que vocês subiram em um palco depois da pandemia?
Ah, foi estranho. Foi super estranho. Houve momentos em que pensamos que nunca mais tocaríamos, e tenho certeza que muitas bandas passaram por isso também, mas quando o set começou, foi como se tudo voltasse como era antes. Essa conexão imediata que você tem com o público, algo muito importante para nós. Nós lançamos um álbum na pandemia, então não sabemos como os fãs reagiriam ao vivo com as músicas novas.
Cut Copy é uma banda com mais de 10 anos de carreira. Nesse tempo vimos a indústria da música mudar drasticamente. No Brasil, a banda cresceu muito em 2008 quando as pessoas faziam downloads das músicas de vocês, e agora temos o streaming. Como enxergam todas essas mudanças?
Acho que é algo que ainda estamos tentando entender. Parece que a música é tão desvalorizada com o streaming. Você constantemente precisa lançar coisas novas e tudo muda muito rápido, são esquecidas em apenas alguns meses, as pessoas querem sempre coisas novas. Nós colocamos tanto tempo e esforço para criar um álbum, você lança e então isso meio que desaparece em um mês. Acho que ainda estamos tentando aprender e a lidar com isso.
Queremos lançar muito mais músicas e de várias maneiras diferentes, mas também sabemos que o streaming desempenha um papel importante para ganhar público, embora o algoritmo torna tudo menos pessoal, como ir em uma loja de discos e descobrir músicas novas.
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Acredita que o algoritmo mudou a forma que vocês compõem suas músicas? Vocês pensam sobre isso na hora de compor?
Sim, 100%, sempre pensamos nisso. Inicialmente ficamos tipo “não vamos deixar isso atrapalhar e mudar o jeito que fazemos música.” Mas não tem como.
Vocês se sentem pressionados de alguma forma?
Sim. Embora eu me sinta bem sortudo por termos surgido na época em que surgimos. Eu imagino começar a banda agora, seria tão difícil, nós somos bons com música mas não em marketing. Teríamos que nos promover nas mídias sociais e isso é muito importante, é tudo muito rápido. Sabe que nosso disco Circles ‘morreu’ muito rápido, então a gente sim, sente uma certa pressão.
No entanto, enquanto artista, a pressão sempre existiu e eu acho que se você gosta do que faz e quer se conectar com as pessoas, sempre terá seu público o que muda é o método de encontrar em contato com eles.
O disco Ghost Colours de 2008 se tornou um grande clássico. Como olham para esse álbum agora depois de tanto tempo?
Quando você faz um disco é sempre interessante saber quando está finalizado e acho que alguns artistas trabalhariam continuamente em um álbum. Como se nunca fossem terminar. Para nós, se pudéssemos faríamos isso com cada álbum, mas certamente uma vez que o lançamos no mundo não tem volta. E eu meio que gosto da ideia de um disco representa um momento no tempo, representa o tipo de música que estávamos ouvindo e estamos fazendo. Quando você olha para uma carreira, olha para a discografia de alguém, você pode meio que escolher quais momentos da vida daquela pessoa você quer conhecer.
Quando penso em Ghost Colours me lembra muito de como eu estava vivendo em como era Melbourne e você sabe, viajando pelo mundo pela primeira vez. Esse discos meio que representa um momento da minha vida para mim e eu não mudaria nada disso.
E qual o seu disco favorito do Cut Copy?
O último disco que fizemos Freeze and Melt. Eu estava tão feliz com conteúdo criativo porque era como um disco que eu não achava que conseguiríamos fazer 10 anos atrás. Eu acho que ser capaz de abordar a música dessa maneira era como despi-la com elementos musicais diferentes e ser capaz de criar esse tipo de clima. Fiquei tão feliz e criar e foi tão divertido.
Sinto que esse álbum vai nos ajudar a avançar para o próximo. Como eu me sinto a cada disco. Há sempre uma música naquele álbum que dá uma indicação de onde o próximo álbum está indo.
E qual foi a principal inspiração para Freeze and Melt?
Estávamos todos morando em países diferentes quando começamos esse álbum. Então esse disco era muito sobre isolamento. Então ele é sobre mudanças de estações, fizemos a maior parte em nossas casas inicialmente, Dan estava morando em Copenhague e era o meio do inverno. Não havia luz do sol. Eu estava em Nova York.
Fazíamos músicas independentemente umas das outras e então nos reunimos por cerca de oito dias em Melbourne para gravar. Sim, foi muito rápido e, obviamente, tiramos a música dessas sessões e depois trabalhamos mais nelas, mas no que diz respeito a estarmos juntos no estúdio, acho que foram oito dias no total, o que no passado era geralmente meses que ficávamos juntos.
A ideia de estarmos isolados um do outro meio que ajuda no conteúdo do disco, o que é meio irônico porque obviamente a pandemia aconteceu e tivemos que nos separar. Então foi um momento meio estranho sobre isolamento. É um album muito introvertido.
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