A determinação e a busca constante por novos caminhos para criar arte são fatores decisivos para grupos que buscam um espaço relevante no mercado musical. Vindo de um país com pouca tradição no metal, o Cultura Tres não deixou as fronteiras continentais agirem como uma barreira para o seu crescimento.
Iniciaram suas atividades na Venezuela, da mesma maneira que tantas outras: em família. Os guitarristas Alejandro Londono Montoya e Juan de Ferrari Montoya, de origem colombiana, formaram o grupo com objetivos bem definidos, e deixaram o país sul-americano para invadir a Europa: “Atualmente estamos em Amsterdam, na Holanda. Nosso baterista, Jerry, também é venezuelano/colombiano”, afirma Alejandro.
O quarto integrante é uma lenda do gênero: Paulo Xisto Jr. escreveu capítulos importantes da música pesada desde os anos 1980, com o Sepultura, banda que permanece hoje. Apesar do anúncio recente, a parceria com o brasileiro acontece há alguns anos, e trouxe uma nova perspectiva.
“O Paulo mora parte do tempo no Brasil e outra parte na Europa. Estávamos em algo parecido com sludge e doom metal, pois estava em alta. Agora voltamos às nossas raízes, num som mais thrash metal, mais naquela linha do que escutávamos no começo”, conta.
Todos se conheciam há anos, dividindo palco em diversas oportunidades, o que cultivou uma amizade forte. A conexão pessoal passou para o profissional, assim que o baixista passou a integrar o conjunto. “Crescemos escutando o thrash, porém, passamos muito tempo focando em outros estilos. Paulo levou nosso som a um patamar intermediário. Ainda temos aqueles elementos, mas agora é muito mais agressivo, tem mais pegada”, garante.
A boa relação entre os quatro proporciona momentos únicos, cujo resultado é um inestimável enriquecimento. “Há muito tempo ouvimos juntos músicas da década de 1970, e o Xisto adora os anos 1980. Sempre abrimos uma garrafa de vinho e escutamos sons antigos, aqueles de guitarristas e baixistas icônicos da história do rock”, reflete.
Como resultado dessa imersão, Alejandro cita “Signs”, o mais recente single. “Essa música é um bom exemplo de mescla de metal muito pesado, que então se transforma em um classic rock dos anos 1970. São coisas que tínhamos nas nossas influências, e agora traz esses ingredientes que ainda não havíamos explorado dessa maneira. Ele tem muita experiência, pois vem de uma das maiores bandas do mundo”, explica.
A canção de trabalho do álbum Camino de Brujos (2023) também ganhou um videoclipe, cujo conceituo central é a simplicidade. “Tentamos mostrar algo com a maior honestidade, que é a banda tocando, quase do mesmo jeito que acontece ao vivo. Fizemos o vídeo em Amsterdam, em um lugar que tinha essa vibração. Sem muita história ao redor. Algumas pessoas comentaram que essa é a mágica”, relata.
A união dos quatro membros do Cultura Tres está eternizada neste álbum, que saiu via Outono Music/Universal Music nas Américas, e pela Bloodblast no resto do mundo. Sobre o título, o músico explica que não se trata de um trabalho conceitual, e que a carga lírica é despejada de maneira quase subconsciente.
“Brujo é o cara que mexe com magia negra e esse tipo de coisa. Cada uma sai de um lugar diferente, mais ou menos como nos sonhos. Quando você sonha, é porque alguma coisa te impressionou no dia. Desse mesmo lugar saíram muitas das letras do disco, incluindo o título”, diz.
Se as letras vêm de maneira mais subjetiva, sonoramente havia uma visão bastante definida de objetivos: “A maioria dos grupos pegou uma direção mais digital, bastante produzida. Não tem o fator humano e orgânico. Nós buscávamos isto, de ter algo que você poderia imaginar um baterista tocando enquanto escuta, ou sentir que o cara quase não chega na última nota no solo de guitarra, perceber o esforço e o sangue nas veias. Esse tipo de produção não é algo fácil, então tomamos a decisão de fazê-la nós mesmos. É algo perigoso. Não recomendo, pois é necessária uma intimidade. Gravamos as baterias na Espanha e levamos tudo para nosso estúdio em Amsterdam”, narra.
Enquanto eles não passam por aqui com a atual turnê, Alejandro relembrou a única visita do grupo ao Brasil, em 2018. “Fiquei impressionado! Onde pensava que veria diferenças, encontrei semelhanças. Foi surreal, pois é uma nação muito parecida com o que a gente conhecia. Na verdade, a única coisa que muda é a língua. Conhecíamos a cena europeia porque tocamos em muitos lugares, mas o público brasileiro é aquele povo que eu conheço e gosto. Me senti como se morasse lá”, finaliza.
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