Vagalume
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Crédito foto: Reprodução Hot Press Magazine
Ser adolescente e montar uma banda com seus amigos de escola não é exatamente algo fora do comum, longe disso. Já formar um grupo quando se é filho de um dos maiores rockstars da história é uma via de mão dupla. Por um lado, você certamente terá algumas facilidades para começar – de disponibilidade de equipamento e um local de ensaios até locais para se apresentar. Por outro, é preciso vencer a desconfiança que naturalmente surge nesse tipo de situação.
O Inhaler foi formado em 2012, ainda que só tenham lançado o primeiro LP quase dez anos depois. O quarteto tem como figura de frente um vocalista e guitarrista de 23 anos, chamado Elijah Hewson. Ele é filho de Paul Hewson, ou, para simplificar, Bono, um hoje senhor, que muitas décadas atrás também se juntou com três amigos de escola para formar uma banda, que, no caso deles, se tornou uma das maiores do planeta: o U2.
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Elijah e seus colegas, Robert Keating, Josh Jenkinson e Ryan McMahon (baixo, guitarra e bateria) logo entenderam que o melhor seria construir uma carreira como qualquer iniciante: ensaiando bastante, trabalhando firme no material e ganhando a plateia em cima do palco.
O fato é que eles estão conseguindo se sair bem na missão de construir uma carreira digna e jogando qualquer tipo de maledicência para escanteio. Depois de um disco que chegou ao topo da parada britânica e irlandesa, ” It Won’t Always Be Like This” (2021), o grupo acaba de lançar o seu segundo trabalho.
“Cuts & Bruises” traz uma banda mais amadurecida, mesmo que eles não tenham se distanciado da fórmula original – um pop rock com toques de indie e música pop – e promete levá-los a um novo patamar.
Os quatro bateram um papo com o Vagalume e se mostraram simpáticos. Mostrando que querem ser vistos e julgados por seus próprios atos, houve a solicitação de que o “assunto Bono” não fosse levantado, o que não foi um problema, já que havia mais sobre o que se falar.
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Em uma conversa via zoom, a primeira coisa que chama a atenção são os posters de David Bowie (fase “Heroes”) e do logotipo dos Rolling Stones que estão atrás de Elijah, sinal de que ele anda se inspirando nos grandes.
Hewson concorda com a afirmação de que “Cuts & Bruises” mostra uma banda em evolução, mesmo que ainda trabalhando em cima dos mesmos elementos. “A gente não quis fazer um disco de rap logo no segundo álbum, talvez no tercerio (risos), mas ainda não é a hora. Mas, como você disse, a gente também tomou a decisão de focar naquilo que sabemos, mas também a de deixar claro que não estávamos simplesmente nos repetindo.”
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Elijah acha que eles se livraram da “síndrome do segundo disco” sem maiores traumas, talvez porque, no caso deles, a pressão já veio no primeiro disco. “Esse período todo é meio embaçado, porque assim que acabamos de fazer o primeiro disco nós já começamos a pensar no segundo. Mesmo durante a turnê nós começamos a compor. Eu não diria que ele é um trabalho conceitual, mas você consegue puxar alguns fios e, no final, uni-los em uma ideia que é maior que a soma das partes.”
O LP assim é todo formado por canções compostas recentemente, com exceção de, como lembra Josh, “Dublin In Ecstasy“. “O resto é tudo novinho em folha”, brinca Hewson.
Além de se apresentarem em casas de show de médio porte, o Inhaler também foi convidado para abrir os shows de algumas estrelas do primeiro time. Chama a atenção o fato deles terem sido chamados tanto para tocar antes de Harry Styles (em junho, na Irlanda) quanto de uma série de datas com os Arctic Monkeys pela Europa. Uma prova de que a música deles tem o potencial de atingir públicos bastante diversos.
“Não sabemos como isso foi acontecer. A verdade é que não somos uma banda punk, nem somos artistas pop, ainda que façamos canções pop. Isso também nos confunde, mas a gente meio que gosta disso, a competição é menor (risos).”
Apesar de estarem contentes que essas oportunidades, as ambições do Inhaler são bem maiores. Em recente entrevista ao NME, Hewson disse que não queria passar a vida toda como um nome que aparece no meio dos cartazes dos festivais.
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Lembramos que, hoje em dia, a não ser que estejamos falando de nomes como Foo Fighters ou os Red Hot Chili Peppers, é cada vez mais difícil ver uma banda de guitarras encabeçando os grandes festivais. Será que ainda é possível que uma banda novata consiga chegar lá? Elijah diz que eles estão trabalhando para isso e complementa: “eu acho que é possível sim, porque as coisas são cíclicas. Na Inglaterra você tem um cara como o Sam Fender lotando arenas e, na outra ponta, uma banda como o Fontaines DC, que está chamando muito a atenção. E são coisas que soam novas, e não como mera recauchutagem. E vejo que pessoas mais novas do que a gente estão se ligando no trabalho deles e é uma música que não soa em nada parecido com o que eu cresci ouvindo.”
Sobre shows no Brasil, Elijah é sincero ao dizer que adoraria, mas que é algo que não está ao alcance deles, mas se mostra animado ao saber da enorme quantidade de festivais que andam acontecendo no país e diz que essa talvez seja a melhor chance da vinda ocorrer. “Tenho certeza de que viveremos os melhores momentos de nossas vidas”, conclui o cantor que diz nunca ter vindo ao país (“eu só estive no Peru”),
Ouça “Cuts & Bruises”
Fonte: Vagalume
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